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EINSTEIN E SEU MOTORISTA
Às pessoas famosas sempre se acrescem fatos pitorescos ou hábitos excêntricos. Quanto à história abaixo, se “non é vero, é bene trovato”, como dizem apropriadamente os italianos. Conta-se que Albert Einstein (1879-1955), físico alemão, naturalizado americano, visitava diversas cidades dos EUA ministrando palestras. O conspícuo físico era sistemático, não variava e tampouco aprofundava o tema da exposição: teoria dos quanta e da relatividade, fórmula E = mc2 e concluía com exortações pacifistas.
Na plateia, sempre atento, estava seu fiel motorista. Adentrando-se à próxima cidade, Einstein foi acometido de forte diarreia. Pensou em cancelar a palestra. O motorista não se fez de rogado:
— Doutor, eles conhecem o senhor?
— Não, respondeu o renomado cientista.
— Então posso falar pelo senhor, pois já memorizei todos os temas.
Conhecendo a loquacidade do companheiro, Einstein consentiu. O motorista, engravatado, chegou ao local da palestra e rasgou o verbo com todo o entusiasmo.
No fundo, o cientista, perplexo a tudo, assistia, maravilhado com a dicção, postura gestual e reprodução genuína de suas palavras. Era constantemente ovacionado e a criatura superava o criador.
Eis que, em meio à plateia, alguém levantou o braço. O motorista palestrante gelou, mas se manteve imperturbável.
— Pois não, qual é a pergunta?
Feita a pergunta, o palestrante, obviamente desconhecendo a resposta, foi enfático:
— Com todo o respeito, a sua pergunta se insere no que foi exposto em minha palestra, e tão é verdade, que convido meu motorista para respondê-la. Dito isso, apontou para Einstein no fundo da plateia.
Jacir J. Venturi Diretor de escola, professor da UFPR por 25 anos e da PUCPR por 11 anos. Cidadão Honorário de Curitiba. Autor dos livros Álgebra Vetorial e Geometria Analítica e Cônicas e Quádricas.