Artigos
DUAS FÁBULAS: NADANDO COM TUBARÕES E JACARÉS
As fábulas têm por fulcro o acervo popular e a sabedoria oriunda de escritores renomados ou anônimos. Fruto dessa inventividade, reescrevemos as duas fábulas abaixo, que ensejam grandes lições:
1ª Fábula – Os desafios nos fortalecem
Japonês gosta de peixe, mas de peixe fresco. Gosta de receber visitas, mas de visitas breves. A analogia é pertinente: para um nipônico, visita é como peixe: fresco e gostoso no primeiro dia, bom no segundo dia, mas no terceiro dia começa a cheirar mal.
Agora, deixemos de lado as visitas que entraram na história somente para fazer blague. O fato é que japoneses gostam de pescado fresco; mas, como obtê-lo se em suas costas marítimas não há mais peixes? Pensaram ter encontrado a solução ao construírem barcos com maior autonomia para permanecerem semanas em alto-mar. No retorno, porém, ao aportarem, os pescados estavam sem viço, sem frescor. E japonês não compra pescado velho.
Nova tentativa: instalaram câmaras frigoríficas e os peixes chegavam congelados ao porto. No entanto, japonês não aprecia pescado congelado. Sashimi assim, nem pensar! Altera o paladar.
Surgiu, então, uma nova solução que parecia definitiva: aumentaram o tamanho dos navios e neles instalaram grandes tanques. Entretanto, ao retornarem à costa, após semanas ao largo, os peixes estavam exauridos, com poucos movimentos. Eram mortos- vivos. E japonês não é bobo! Aperta o peixe, observa a cor das guelras, dos olhos... e não compra!
Foi então que alguém teve uma ideia muito criativa. Ainda em alto-mar, atirar um pequeno tubarão para cada tanque. A fim de saciar a fome, o tubarão devora alguns peixes. Mas, por ter de enfrentar o desafio, a maioria chega ao porto bem viva, lépida e com boa aparência.
Moral da história: Num ambiente competitivo, podemos ser engolidos pelo nosso antagonista, mas quando somos desafiados saímos fortalecidos.
2ª Fábula – É melhor andar à toa do que ficar à toa
No Pantanal mato-grossense, o dono da fazenda – “gigolô de vacas”, como se diz lá –, percorre as suas terras como de rotina. A tudo fiscaliza, pois, como ele próprio diz, “é melhor andar à toa do que ficar à toa”.
Percorre o trecho em seu trator que puxa uma carreta. Chegando perto da lagoa, inusitadamente, ouve vozes femininas. Aproxima-se mais. E o que avista? Sim, diversas garotas nuas nas margens da lagoa. Surpreendidas, nadam até quase não dar mais pé. A mais pudica das donzelas grita para o fazendeiro:
– Não sairemos daqui enquanto não deixar de nos espiar e for embora!
– Eu não vim espiá-las – responde o dono das terras – eu só vim alimentar os jacarés da minha lagoa!
Moral da história: Para atingir os objetivos, são indispensáveis a persuasão e a criatividade.
Jacir J. Venturi
Diretor de escola, professor da UFPR por 25 anos e da PUCPR por 11 anos.